FFLCH-USP cria Rede de pesquisa voltada para o aperfeiçoamento de políticas públicas no combate à covid-19

Foto: Mauro Pimentel / AFP

Distanciamento social, uso de máscara e álcool em gel; um conjunto de palavras que viraram regra em âmbito nacional e internacional para o combate à covid-19, doença que já matou  282.127 no Brasil. Dentro desse cenário, se o presidente não fosse negacionista a gravidade da doença: “é apenas uma gripezinha” , a reação da população às políticas de enfrentamento à pandemia seria diferente.  Com todo este cenário posto, é importante a ajuda de diferentes setores da sociedade brasileira para o combate à covid-19 e ao negacionismo pregado à gravidade da doença por meio do aperfeiçoamento de políticas públicas.  

Foi com o objetivo de ajudar no combate à doença em âmbito acadêmico que nasceu a Rede de Pesquisa Solidária em Políticas Públicas e Sociedade. A iniciativa tem como intuito aperfeiçoar as políticas públicas do governo federal, dos governos estaduais e municipais para o enfrentamento da crise do novo coronavírus.

A coordenadora científica da Rede e professora do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, Lorena Barberia, deu o pontapé inicial para formatação da iniciativa, junto aos professores Glauco Arbix e José Eduardo Krieger, da Faculdade de Medicina da USP e do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP (Incor). A pesquisadora destaca a complexidade do cenário global e pondera: “não é apenas a medicina que pode responder a essa pandemia, mas cada área pode contribuir para minimizar os efeitos da mesma”. Foi com esse objetivo que nasceu a Rede multidisciplinar que permite estudos de diferentes disciplinas acerca da covid-19. 

Por dentro da Rede   

O projeto foi construído por cerca de 40 pesquisadores da USP e instituições, como a Universidade de Oxford do Reino Unido. Sociólogos, cientistas políticos, médicos, engenheiros, economistas, psicólogos e antropólogos trabalham em conjunto para coletar e analisar dados, visando disponibilizar à população e às autoridades informações de qualidade acerca do coronavírus. 

“A ideia da construção da Rede nasceu com a premissa de ajudar às políticas públicas no enfrentamento da pandemia e trazer diferentes olhares. É importante para a Rede, por isso procuramos integrar pesquisadores de diferentes estados em resposta a esse momento. A rede também atua internacionalmente, por meio de pesquisadores que atuam como colaboradores. Entramos juntos na pandemia e também sairemos juntos com outros países”, diz a coordenadora Lorena, em referência à colaboração de pesquisadores de outras instituições e ao momento pelo qual todos estão passando. 

Para dar essa resposta acadêmica na luta contra a pandemia, eles trabalham com criação de indicadores, modelagens matemáticas e estatísticas para identificar problemas e propor soluções. Além disso, o grupo visa mostrar à população como o governo está atuando e como o mesmo deve atuar, principalmente na elaboração de políticas para grupos mais vulneráveis à covid-19, como os idosos, comunidades indígenas e grupos socialmente mais vulneráveis economicamente.   

“A rede tem trabalhado muito para produzir dados e evidências na velocidade da pandemia, o que é muito difícil porque temos muitas perguntas básicas sobre a pandemia, mas não temos respostas. Então esse é um desafio da Rede”, conta Lorena. Ela ainda diz: “nesse momento de pandemia não é como estivéssemos em um mestrado, mas um momento em que precisamos produzir respostas rápidas, por que está acontecendo agora”. 

A Rede trabalha com o monitoramento de políticas públicas, de opinião pública e de lideranças comunitárias; mercado de trabalho e renda; proteção social e políticas emergenciais para amenizar a crise no mercado de trabalho. Ressaltando que o projeto partiu de uma preocupação política e social, o professor Glauco Arbix, do Departamento de Sociologia da FFLCH, aponta como as pesquisas desenvolvidas pelo grupo não só ajudam no posicionamento da universidade, mas também estão relacionadas às preocupações da FFLCH diante da crise. 

A coordenadora finaliza, trazendo reflexões: “em muitos momentos dessa pandemia, coisas muito simples não foram feitas pelo Presidente. Então usar uma máscara, comparado a vida de uma pessoa, é um sacrifício muito pequeno. Observamos que o governo federal e as lideranças não fizeram o que deveriam, podemos dizer que não estamos ouvindo a ciência. Estamos no enfrentamento de uma pandemia que matou muita gente. Qual o exemplo que estamos dando às crianças quando não aplicamos ciência?”.  

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