Pesquisas e atividades estudam as vantagens da Fonoaudiologia no trato da covid-19

Novas descobertas sobre covid-19 mobilizam alunos e professores na Fonoaudiologia

[Imagem: Reprodução/Relatório “COVID-19 - FONOAUDIOLOGIA NO HCFMUSP”]

Durante o período de pandemia, a área da saúde foi a que mais concentrou esforços por novas descobertas que pudessem contribuir na luta contra o coronavírus. Na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, alunos, professores e profissionais da saúde reuniram-se para encontrar novas alternativas em meio a um cenário inédito de crise sanitária. Uma das principais descobertas se deu em uma área específica. Segundo estudos, a participação da Fonoaudiologia no tratamento da covid-19 torna o atendimento ao infectado mais eficiente.

O profissional da Fonoaudiologia acompanha o médico intensivista, o enfermeiro e o fisioterapeuta na linha de frente das UTIs de combate à covid-19. Sua atuação se dá principalmente no trato da disfagia, que consiste na dificuldade de deglutição. Segundo especialistas, sua incidência dentro do contexto de pandemia esteve vinculada ao número de internações e intubações, tratamentos mais comuns para casos graves da doença causada pelo coronavírus.

Na USP, ao longo do último ano de 2020, foram desenvolvidas cinco pesquisas a respeito da covid-19 dentro da área da Fonoaudiologia, sendo um doutorado, três iniciações científicas e uma Pesquisa Transformativa do Consumidor.

A iniciação científica “Evolução funcional da deglutição em pacientes com covid-19 internados em UTI” foi desenvolvida pela professora Claudia Regina Furquim de Andrade, diretora da Divisão de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da USP, pela doutora Maíra Santilli e outras três especialistas. Seus estudos constataram que houve uma recuperação significativa do infectado internado em UTI na comparação pré e pós intervenção da fonoaudiologia. Essa recuperação dos padrões seguros de deglutição dependeu de até três atendimentos em 83% dos pacientes analisados. Ou seja, o paciente com covid-19 atendido por fonoaudiólogos necessita de menos atendimentos para retomar a dieta.

Além da iniciação científica, Maíra também esteve envolvida no desenvolvimento de um doutorado a respeito do tema. Ela relata que foi forçada a interromper uma pesquisa que já desenvolvia para focar esforços em estudos e descobertas desse novo cenário imposto pela pandemia. Tudo com muita rapidez. “A pesquisa surgiu na urgência do cenário que vivemos em 2020.”

Como uma das primeiras fonoaudiólogas a atender pacientes com covid-19 no HC, ela também esteve na linha de frente no combate à doença. Sua função na UTI era a de reabilitar, com segurança, a alimentação do indivíduo com disfagia. Em sua atuação, constatou que após um período médio de 48 horas de intubação o paciente começa a apresentar uma disfunção em sua musculatura e órgãos, o que dificulta a deglutição e, consequentemente, a ingestão de alimentos.

Diante dessa dificuldade, o departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina, junto a profissionais do HC, buscou fortalecer o eixo de contribuição para a ciência e para a sociedade. Para isso, além das pesquisas, o combate à covid também envolveu a participação de discentes.

A atuação dos estudantes foi diversa, indo desde a triagem rápida de disfagia, para aqueles do 1º ao 3º ano, até avaliações de conduta para o 4º e 5º ano do curso. Alunos do último ano foram encarregados de acompanhar remotamente pacientes com disfagia após a alta hospitalar.

O treinamento dos estudantes foi iniciado logo após a declaração do estado de pandemia pela Organização Mundial da Saúde, ainda em março de 2020. A formação que pautou o treinamento baseou-se no Protocolo de Manejo Clínico da covid-19 do Ministério da Saúde.

“A notícia de que possivelmente estaríamos colaborando com os atendimentos no hospital com pacientes acometidos pela covid foi assustadora, especialmente por não termos grande conhecimento aprofundado, mas ao mesmo tempo gratificante de saber que seríamos úteis num momento tão crucial na história da saúde atual”, relatou uma das turmas de 2º ano, que faz questão de lembrar das orientações dos docentes.

Mobilização inédita

Historicamente, a formação de fonoaudiólogos não engloba a habilidade para atuar em situações que envolvam o atendimento de múltiplas vítimas, como foi o caso da pandemia do coronavírus. Com isso, o panorama levou esses e outros profissionais da Saúde a enfrentarem desafios inéditos. “A primeira coisa que nós fizemos foi formar as pessoas para os conceitos de calamidade, catástrofe e pandemia”, conta a professora Claudia Regina Furquim de Andrade, diretora da Divisão de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da USP.

Questionada sobre as perspectivas para o futuro depois de um intenso e inédito período de mobilização, a professora Claudia responde: “Montamos um projeto de pesquisa para compreender o que da pandemia, em termos fonoaudiológicos, poderia servir de marco regulatório para as próximas situações que venham a surgir”. Assim, profissionais e acadêmicos da Saúde procuraram soluções rápidas para novas formas de atendimento ao paciente que requer cuidados do fonoaudiólogo e novas paramentações desse profissional.

“Vejo com sucesso absoluto o nosso envolvimento no atendimento de pacientes. Conseguimos montar estratégias de recuperação rápidas para o paciente”, conclui.

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