Teste mais barato de covid-19 é desenvolvido pelo Instituto de Biociências da USP

Momento da realização do teste RT-PCR. Imagem: Fotos Públicas

Um novo teste para detecção do coronavírus foi criado pelo Centro de Estudos de Genoma Humano e Células Tronco do Instituto de Biociências da USP (IB-USP). Esse teste é uma alternativa mais barata em relação ao teste convencional, feito com o equipamento RT-PCR, aquele que utiliza amostra de secreção da faringe.

O teste tem como material principal o uso da saliva para detecção do vírus, utilizando assim uma técnica conhecida como RT-LAMP. Nessa técnica o RNA (molécula responsável pela síntese de proteínas das células do corpo) do vírus, presente na saliva, é quantificado, transformado em DNA e, após isso, amplificado para que seja identificado. Esse processo de identificação acontece por meio da cor da reação: ela começa rosa e conforme for detectada a presença do vírus ela fica amarela. 

Por se tratar de um material onde o vírus pode ser facilmente degradado, é necessário que sejam realizados protocolos para que a saliva permaneça intacta no momento do teste. Outro fator importante, são os reagentes utilizados no momento da identificação da presença do vírus. Para isso, o Instituto de Química desenvolveu reagentes que passaram por uma testagem no IB.

Uma das etapas mais longas da pesquisa foi a escolha dos reagentes. Foram necessários testar vários que eram encontrados comercialmente, até chegar na própria produção realizada pelo Instituto de Química. Outra fase importante no processo, foi o desenvolvimento de uma solução onde o vírus continuasse preservado na saliva durante a reação. “A saliva possui muitas substâncias que podem acabar degradando o vírus, então é necessário fazer um tratamento na saliva porque com o vírus degradado não é possível realizar o teste”, conta Maria Rita.

Além da utilização da saliva, o teste se diferencia em outros dois aspectos dos testes já realizados: Possui uma etapa a menos e utiliza equipamentos menos sofisticados, causando assim uma diminuição em seu custo. Bueno explica: “Os testes mais tradicionais possuem uma etapa chamada de extração do RNA do vírus e essa é uma etapa que possui um custo relativamente alto. A gente não faz essa etapa, realizamos a análise da presença do vírus diretamente na saliva. Além disso, são máquinas simples, não sendo necessário a utilização de máquinas sofisticadas para realizá-lo”. E, por estarem produzindo os próprios reagentes, o custo também diminui, uma vez que não será necessário realizar importações.

Como o teste possui a intenção de se tornar mais acessível para a população em geral e não precisar de muitos recursos, surge a possibilidade de realização de um auto teste. Ele funcionaria como um exame de urina, o paciente colocaria sua amostra dentro de um recipiente e depois a mesma seria analisada e depois viria o resultado.

Sobre as parcerias, o projeto foi iniciado com algumas muito importantes para seu desenvolvimento, como o Instituto de Ciências Biomédicas da USP (ICB-USP) e o Laboratório Fleury. Maria Rita conta: “o ICB foi importante, porque para começarmos a padronização do teste era preciso ter acesso ao vírus e eles nos forneceram o vírus, inclusive já inativado, para que o processo pudesse acontecer. Já sobre o Laboratório Fleury a parceria acontece pois era necessário ter amostras positivas para realizar a testagem, então o Laboratório as cedeu”. Após essa primeira fase, onde o teste já havia sido padronizado utilizando as técnicas já conhecidas de testagem, o ICB entrou com novas parcerias: Prevent Senior e o Hospital de Medicina Tropical, que atuam em colaboração no estudo da saliva.

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