Projeto brasileiro monitora chuvas de meteoros

Chuva de meteoros, Perseidas, registrada na Espanha em 13 de setembro de 2018 // Foto: Jon Nazca/Reuters

“O projeto Exoss entra no âmbito do estudo dos pequenos corpos, democratizando a ciência para a grande população”, afirma o coordenador da plataforma online Exoss Citizen Science Project, Marcelo de Cicco. Criada em 2015, a iniciativa tem o objetivo de monitorar chuvas de meteoros e bólidos para auxiliar no estudo de suas origens, naturezas e órbitas, unindo profissionais e amadores. 

As chuvas de meteoros são, em sua grande maioria, formadas por detritos de cometas, apenas alguns casos estão relacionado com asteroides. A grande diferença entre os dois é que os cometas têm origem no Cinturão de Kuiper ou na Nuvem de Oort, e são basicamente compostos por gelo e gás. Enquanto os asteroides são rochosos e metálicos, vindos do cinturão principal que existe entre Marte e Júpiter. Quando partes soltas de qualquer um desses corpos entra na atmosfera, elas se tornam meteoros.

De acordo com Cicco, a plataforma foi uma das primeiras desenvolvidas no Brasil e seu maior propósito é promover a ciência cidadã. “Trabalhamos com coordenadores que não têm necessariamente uma formação curricular na área, mas, com suas câmeras, nos ajudam a detectar meteoros e aumentar a base de dados do site.”

Ainda segundo o coordenador, existem várias iniciativas que monitoram esse tipo de evento ao redor do mundo, eles se baseiam em modelos estatísticos para tentar prever quando as chuvas de meteoros podem acontecer. “Você nota um padrão analisando os fenômenos da região, então a frequência com que essas chuvas acontecem, quando e onde.”

Esses grupos de observadores também são citados pelo professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, Amaury Augusto de Almeida. “São diferentes grupos que fazem um mapeamento do céu, eles coletam dados dos mesmos pontos, depois os cruzam para ver quais batem e quais não”, conta ele. E completa dizendo que, embora amadores, essas pessoas são sérias e possuem um equipamento de muita qualidade.

Chuva de meteoros Oriníades, de 2015 // Imagem: Portal Exoss

Dessa forma, é possível fazer uma tabela em que se relaciona determinada chuva de meteoros com o cometa ou asteroide que a origina, o lugar no céu do qual ela parece vir e a época em que ela pode ser vista. Segundo Almeida, esses eventos acontecem toda vez que a órbita da Terra cruza com a órbita de algum cometa ou asteroide, o que costuma acontecer duas vezes por ano. “O plano da ecliptica abriga a Terra e todos os outros planetas. As órbitas dos cometas, no entanto, estão em direções variadas, podendo cruzar com a da Terra em diferentes pontos.”

Dentre as chuvas de meteoros mais famosas, é possível citar a Eta Aquáridas e a Oriónidas as quais estão relacionadas ao famoso cometa Halley que visita a Terra a cada 75 ou 76 anos. Entretanto, seus nomes não são associados ao cometa, e sim ao radiante da chuva. “Radiante é o ponto no espaço que eu tenho a sensação de ver a chuva vindo. Atrás desse ponto tem uma constelação, e é ela que dá nome ao evento”, conta o professor. Sendo assim, a Eta Aquáridas tem como radiante a constelação de aquário, e a Oriónidas, a constelação de Órion. 

A chuva de meteoros Leonídeos, referentes à constelação de leão, também são bem famosos pois a cada 33 anos, aproximadamente, apresentam verdadeiros espetáculos no céu. A Perseidas, associada à constelação de Perseus, é bem conhecida no hemisfério norte, não sendo vista do hemisfério sul. 

Para visualizar esse tipo de evento, não basta apenas olhar para o lugar mais provável de ele aparecer no céu. Segundo Almeida, a poluição luminosa das grandes cidades atrapalha muito a observação, em São Paulo por exemplo é quase impossível. “Mas, a intensidade da chuva também varia muito, dá para ter uma previsão de como vai ser, mas acaba sendo sempre uma surpresa, boa ou ruim.”

O professor também chama atenção para os novos experimentos que estão sendo feitos com o objetivo de aumentar o monitoramento dessas chuvas. “Algumas iniciativas estão buscando por eventos desse tipo que não estão nem no comprimento do visível, em ondas de rádio, por exemplo.”

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