Tomar decisões levando em conta flexibilidades aumenta lucro

Ao dirigir uma empresa, é preciso estar preparado para imprevistos (Imagem: Reprodução/Portal Contábil da Cefis)

Ao considerar a possibilidade de imprevistos na hora de fazer algum investimento, as empresas conseguem reduzir o risco de prejuízos e maximizar seus lucros. É isso que aponta a pesquisa de Igor Cesca, doutorando pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEE) da Universidade de São Paulo (USP), cujo estudo analisou as indústrias sucroenergéticas, responsáveis pela fabricação de açúcar e álcool a partir da cana-de-açúcar. 

Igor explica que a flexibilidade pode estar presente em qualquer tomada de decisão, usando como exemplo uma situação do dia-a-dia: ao marcar uma viagem antecipadamente, temos a opção de considerar ou não possíveis imprevistos. “Se escolhemos considerar estes fatores, optamos por um hotel ou passagens de avião que façam devolução do dinheiro no caso de um cancelamento, ou adiamos a compra dos serviços até que tenhamos alguma certeza. Dessa forma, estaremos mais preparados caso haja uma mudança nos planos”, explica o pesquisador. 

Nas indústrias isso ocorre de forma parecida. É possível escolher o produto e a quantidade a ser produzida levando em conta a variação de preços ou a situação do mercado consumidor, por exemplo. No entanto, incorporar estas incertezas em suas decisões é também assumir riscos. “A flexibilidade na produção e na venda significa que seu lucro será maior caso ocorra uma mudança positiva no valor de mercado, mas também significa que você não estará protegido contra as mudanças negativas”, completa Igor. Para descobrir, então, se assumir estes riscos vale a pena, ele trabalhou com um modelo econômico da indústria sucroenergética.

Um modelo econômico nada mais é do que uma simulação que se apoia em probabilidades. “Estamos falando de uma representação do mundo real, que desconsidera muitos detalhes para que seja mais fácil trabalhar com ela”, o pesquisador explicou. Os modelos econômicos de opções reais – nos quais um negócio pode alterar seu caminho levando em consideração flexibilidades e incertezas – são mais complexos e, por isso, mais recentes.

A usina fictícia de Igor considerava as possibilidades de alterar a proporção entre o etanol e o açúcar produzidos, a depender dos respectivos preços e da situação do mercado de combustíveis como um todo, além de parar a produção, caso houvesse prejuízo. Os dados obtidos vêm de projeções estimadas, com base em médias de preço e lucro anteriores que tendem a se repetir. Isso justifica a escolha da indústria, já que os conceitos podem ser aplicados a qualquer setor, mas as commodities possuem uma base de dados muito maior disponível.

A conclusão da pesquisa advoga a favor das flexibilidades: houve um aumento de até 88,14% em relação ao Valor Presente Líquido (VPL) esperado quando as proporções de álcool e açúcar puderam ser escolhidas. O VPL, explica Igor, é um indicador antigo, como se fosse uma projeção de “lucro médio”, que não leva em consideração as possíveis mudanças de planos e, por isso, é considerado ultrapassado. Adicionar estes fatores nas tomadas de decisão possibilita que a empresa conheça as alternativas possíveis antes de agir, além de estar preparado para situações de perda ou crise. Igor resume: “Com mais clareza e mais informação, você tem maiores retornos”.

 

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