Falta de investimento prejudica conservação do patrimônio nacional

Pesquisa aponta barreiras e desafios para a manutenção de bens históricos brasileiros

Detalhes de materiais de sítios arqueológicos sendo analisados. Foto: Cecília Bastos/Jornal da USP

Pesquisas acerca de cerâmicas e materiais encontrados em escavações pelo Brasil são peças essenciais para construção da imagem nacional. Com a grande quantidade de artefatos provenientes de séculos de história, o modo como esses itens são armazenados e conservados para as próximas gerações são questões pouco discutidas. A arqueóloga Grasiela Tebaldi Toledo, em sua tese de doutorado apresentada ao Museu de Arqueologia e Etnologia da USP, debate acerca dos obstáculos atuais para a conservação do patrimônio arqueológico do País.  

De acordo com a pesquisadora, um dos problemas é a “falta de investimento financeiro e recursos humanos. Além disso, o tema não é tratado como prioridade e existem poucas políticas públicas de incentivo à preservação do patrimônio”. Outra barreira é a dificuldade em encontrar profissionais capacitados para atuar nessa área. 

Grasiela argumenta que a ideia de manter um item preservado não envolve apenas o cuidado em não estragar ou destruir o material. Na prática, esse conceito pode ocasionar maiores danos: “Muitas vezes consideram que por estar guardado em condições mínimas está preservado, sem compreender a amplitude desse conceito que engloba pesquisa, salvaguarda e comunicação do patrimônio arqueológico com a sociedade.” 

Em sua pesquisa, Toledo buscou entender o cenário da musealização da arqueologia no país, através de um levantamento nacional de pesquisas nas áreas de Arqueologia, Museologia e Conservação. Para realizar o estudo de caso, ela escolheu como base a Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, pelo fato da universidade oferecer os três cursos e ter pesquisadores que tentam articular esses assuntos.  

Antes de iniciar o doutorado, a pesquisadora seguia o modelo tradicional de análises arqueológicas, verificando materiais de sítios. Porém, ela sentia a necessidade de uma conexão com o presente: “Cheguei na musealização da arqueologia que faz essa ponte de comunicação entre o público e as pesquisas científicas, que muitas vezes ficam restritas às universidades”. Grasiela comenta que, para o patrimônio ter sentido e ser preservado, é necessário que haja a possibilidade de as pessoas acessarem e compreenderem a importância destes itens para a história nacional. 

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