Gestão farmacêutica do SUS precisa avançar na capacidade de decisão

Essa foi uma das conclusões da pesquisa da USP que avaliou 33 farmácias do componente especializado do SUS

Crédito: Creativeart / Freepik

As capacidades de decisão e sustentação de resultados da gestão dos componentes especializados do Sistema Único de Saúde (SUS) paulista estão em alerta. Essa conclusão vem da pesquisa de mestrado de Karina Fatel, realizada para Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), em um estudo avaliativo da gestão farmacêutica no Estado.

O componente especializado do SUS elenca medicamentos, em geral de alto custo, para doenças complexas, evitando que ocorra interação entre os diferentes remédios. O estudo buscou aplicar nesse componente a avaliação em saúde, ferramenta para análise do desempenho dos gestores, dando suporte para a tomada de decisões. Na assistência farmacêutica, essa avaliação de gestão ainda é muito escassa, fazendo com que o trabalho da pesquisadora tivesse bastante relevância.

Karina utilizou a definição de gestão trazida pela professora Maria do Carmo Guimarães, da Universidade Federal da Bahia, que separa o conceito em três dimensões: organizacional, ou a capacidade de decidir; operacional, a capacidade de executar; e sustentabilidade, capacidade de manter os resultados. Tendo como base um estudo similar realizado em Santa Catarina, foram empregados 25 indicadores para medir o desempenho da gestão farmacêutica no Estado de São Paulo. Além disso, foi feita a coleta de dados de 33 farmácias, do almoxarifado central e de dois gestores ligados ao SUS.

Os resultados foram medidos através de um sistema de cores. Verde significava que a atuação deveria ser mantida, amarelo que era necessário cuidado, laranja indicava um alerta e vermelho denunciava urgência. As dimensões organizacional e de sustentabilidade apresentaram a cor laranja, enquanto a operacional ficou amarela. “A assistência farmacêutica no SUS está muito voltada para áreas tecnicistas, ou seja, muito tradicional, muita logística. Fazemos pouca gestão olhando de forma mais ampliada, pensando em fazer política, fazer alianças”, interpreta Karina.

A forma como foi construído o estudo permite que os resultados sejam comparados com os de Santa Catarina. Houve congruência na questão da priorização do operacional sob as outras duas dimensões. Sobre essa relação a especialista comenta: “É necessário parar de focar só na parte logística e avançar na capacidade de decidir e de sustentar os resultados. Recomendamos também que os gestores comecem a usar mais esses indicadores para que haja possibilidade aperfeiçoamento”.

Sobre as intenções da pesquisa Karina completa: “Meu trabalho não teve a ousadia de dizer se a gestão farmacêutica é boa ou ruim. Quisemos mostrar que a gestão se encontra em diferentes estágios de evolução e precisa de aprimoramentos”.

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