Professores da USP aproximam população da farmácia fitoterápica

Chás e preparações naturais, se usados corretamente, podem ser benéficos à saúde humana. Imagem: Unsplash

Há muito tempo a humanidade conhece os efeitos medicinais que as plantas podem ter. O uso de chás naturais e outros preparos para combater doenças e seus sintomas é milenar; no entanto, com o avanço das tecnologias e da medicina, muito desse conhecimento chamado fitoterápico acabou sendo perdido ou deixado de lado. Mas, com recentes estudos da área, iniciativas surgem para reaproximar o uso dessas técnicas no dia a dia da população e complementar os cuidados de saúde pública e do indivíduo.

Exemplo disso é o projeto coordenado pelos professores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da Universidade de São Paulo, Paulo Chanel de Freitas e Edna Kato. Eles desenvolvem um trabalho de extensão no Centro de Saúde Escola Samuel Pessoa, no bairro Butantã de São Paulo, realizando palestras, rodas de conversa e aulas sobre a fitoterapia, para os pacientes da unidade, moradores da região e demais interessados. São abordados tópicos como o uso de plantas medicinais, seus modos de preparo, riscos, recomendações práticas e até mesmo questões teóricas envolvendo os princípios ativos da farmácia natural.

O bom conhecimento na área é fundamental, porque o uso incorreto de chás e outras preparações usando plantas medicinais e especiarias podem trazer malefícios à saúde, incluindo intoxicação. É preciso sempre um acompanhamento de profissional de saúde para que o uso de medicamentos naturais seja efetivo e não acarrete em complicações.

Alexandra Hubner, pós graduanda da FCF, palestra sobre o uso de chás medicinais. Foto: Bruno Carbinatto

Segundo o professor Chanel, o projeto é uma forma de “levar a Universidade para fora dela mesma”, visto que muito do conhecimento acaba ficando apenas na academia e não chega, de fato, ao público alvo, que é a população. Ele também considera a dinâmica como uma “troca de experiências”, porque os professores passam o conhecimento técnico e teórico aos interessados, mas também recebem do conhecimento do público a respeito de como cultivar e preparar chás, por exemplo — o saber popular, nesse sentido, complementa o conhecimento teórico da Universidade.

Os encontros ocorrem no próprio Centro de Saúde Escola Samuel Pessoa, na entrada do Instituto Butantã, e são abertos ao público. O projeto está iniciando também uma horta comunitária, contendo ervas e plantas medicinais cultivadas pelos próprios professores.

A cura verde

Seja em forma de chás e preparações naturais ou de medicamentos fitoterápicos (quando as empresas farmacêuticas estudam e produzem remédios utilizando apenas matéria prima vegetal), as plantas têm grande potencial de ajudar na saúde.

Na horta improvisada, os professores e participantes do projeto cultivam plantas medicinais. Foto: Bruno Carbinatto

Para se fazer uso delas, é preciso tomar alguns cuidados: preferir a compra de plantas secas identificadas em uma farmácia, por exemplo. Em caso de utilizar o produto in natura, não buscar plantas que crescem em lugares que utilizam agrotóxicos, lavar bem todos os produtos e não misturar muitas plantas medicinais em uma mesma dieta. Sempre manter o médico ciente dos produtos fitoterápicos que está utilizando é importante; também não é recomendado consumir esses produtos durante a gravidez, a amamentação ou em crianças, sem consulta médica prévia.

Em casos de preparações caseiras, há três tipos de técnicas: a infusão, que adiciona água fervente sobre a planta seca para fazer o chá e é indicada para folhas e flores; a decocção, ferver a planta em água por alguns minutos (utilizado em partes duras, como cascas, sementes e raízes); e a maceração, que não ferve a água, apenas deixa a planta em água fria por alguns minutos — é utilizada para produtos cujos princípios ativos são destruídos com o aquecimento.

Algumas plantas medicinais são bem conhecidas: a babosa, por exemplo, possui um gel que é utilizado como um creme cicatrizante, mas não deve ser consumida com casca, pois pode causar diarreia. O boldo — nome popular que, na verdade, é utilizado para três tipos de espécies diferentes — é digestivo, mas não deve ser consumido por pessoas com doenças hepáticas ou hipertensas. Várias plantas são utilizadas como calmante suaves ou analgésicos leves, para dores abdominais e cólicas: o capim-limão, erva cidreira e a camomila, por exemplo. Porém, antes de utilizar qualquer uma dessas, é preciso consultar um profissional da saúde para evitar riscos.

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