Doutorado comprova matematicamente que o investimento em eco inovações gera sobras econômicas

Pesquisa divide eco inovações em diferentes categorias (Crédito: Reprodução)

Os benefícios de cooperação e eco inovações no desenvolvimento das empresas foram comprovados por uma tese de doutorado, recentemente efetuada na Faculdade de Economia e Administração (FEA-USP) por Cleonir Tumelero.

A pesquisa foi baseada no conceito do Triple Bottom Line, teoria emergente do britânico John Elkington, ganhador do prêmio Spencer Hutchens. De acordo com ele, as empresas deveriam se preocupar com o equilíbrio das dimensões ambientais, sociais e econômicas, atribuindo peso às três. Utilizando da teoria de Elkington, Cleonir produziu um modelo matemático que comprova como uma relação igualitária dessas dimensões contribui para as finanças das corporações.

Somando a modelagem em equações estruturais, técnica de primeira geração que permite a análise de diversos construtos, foi usada como base um conjunto de empresas de produtos elétricos e eletrônicos que desenvolviam pesquisas em inovação. O resultado comprovou em 51% o modelo criado e, com isso, a teoria de que sustentabilidade ambiental gera lucro.

“O modelo foi comprovado em 51%, um número razoável considerando a quantidade de outros fatores que podem influenciar no desempenho socioeconômico de uma empresa. Do ponto de vista gerencial essa tese contribui para que o executivo tenha  noção de que não é necessário esperar as sobras econômicas para conseguir investir o que foi excedente, no caso, em sustentabilidade ambiental” relatou Cleonir Tumelero.

Outras hipóteses que foram consolidadas

Eco inovações é um conceito novo, tanto na literatura quanto para as empresas. Em sua pesquisa, Cleonir divide o conceito em diversas categorias. “Resolvemos separar em mais de um tipo de eco inovação, pois estudos anteriores tinham profundos problemas e limitações porque juntavam todas em apenas um constructo. Resolvemos separar porque cada eco inovação é uma realidade diferente” afirmou.

De acordo com o pesquisador, eco inovações são desenvolvidas em diversas áreas por uma empresa, podendo ser um produto, processo produtivo ou modelo de gestão que diminuam o risco ambiental e a extração de recursos do planeta. Ou seja, as empresas poderiam tanto desenvolver produtos com características eco inovadora ou máquinas no processo produtivo ou um modelo de gestão que tivesse um planejamento para reduzir os efeitos negativos da empresa no meio ambiente.

A tese comprovou que o uso de cooperação em pesquisa e desenvolvimento explicava a introdução de eco inovações. Logo, a cooperação nas pesquisas afetava diretamente no aumento de medidas sustentáveis.

Atormentado por críticas

A base da pesquisa fez uso de diversas teorias emergentes que não são muito aceitas pelo setor Acadêmico. A Teoria de Gaia e a Teoria do Holismo foram utilizadas pelo autor para fundamentar o seu doutorado.

A Teoria de Gaia, também chamada de hipótese bioquímica, explica a relação antrópica e seus efeitos no meio ambiente. De acordo com ela, a poluição em uma parte do planeta não afeta somente aquele local poluído, mas a Terra como um todo. A teoria do Holismo teria o mesmo princípio fundamentado na base da unicidade e biocentrismo, que sustenta a ideia de que “tudo é um”.

De acordo com Cleonir, o uso dessas teorias não convencionais rendeu diversas críticas, mas a mistura com teorias modernas foi essencial  para que seu modelo fosse aceito.

“Apesar de usarmos essas teorias emergentes e controversas do ponto de vista acadêmico ainda, trouxemos, também, uma ideias que são amplamente aceitas na administração de empresas, como, por exemplo, a teoria evolucionária da inovação. Fui muito criticado por essa modelagem. Mas, no final da história, o modelo matemático foi comprovado com 99% de confiança, ou seja, 1% de erro” concluiu.

De acordo com Órgão Mundial da Sáude, 50 mil morrem por conta da poluição no Ar, no Brasil  (Crédito: Reprodução)

A inserção do modelo no Mundo Contemporâneo

Economia mais tradicional rejeita a sustentabilidade ambiental, seja classificando-a como um fator irrelevante ou como um ponto secundário nas empresas.  Recentemente, em contrapondo as linhas tradicionais, como a Escola de Chicago, teorias emergentes tem crescido de relevância.

O mundo trabalha para o crescimento de acordos econômicos mais sustentáveis, como o acordo de Paris, porém, vive o aumento do extremo oposto, como a consolidação de Donald Trump e de seus ideais conservadores no governo estadunidense. Além da mudança nas empresas, os governos, a sociedade e as universidades precisam trabalhar pela sustentabilidade.  

Em um aspecto social, a mudança seria mais longa, sendo o consumismo o principal desafio. “A sociedade e as pessoas também precisam mudar o hábito de consumo e eliminar o excesso. É o excesso do consumo, o consumismo. As pessoas consomem mais do que precisam, o que gera problemas seríssimos de reciclagem” adverte o pesquisador.

Cleonir também frisa a importância de incentivos econômicos gerados em planos do governo para estimularem eco inovações e sustentabilidade econômica. Mas, para o pesquisador, a mudança na mentalidade das escolas e universidades é a mais importante.

“Esse quarto agente tem um papel fundamental porque é quem trabalha na educação e na pesquisa. O modelo de eco inovação necessita do ensino e da pesquisa para que ele se torne um modelo viável no século XXI” encerrou Cleonir.

 

 

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