Uso de polímeros na boca pode substituir consumo de antibióticos

Pesquisa desenvolvida na USP sinaliza que plásticos podem ajudar a evitar o consumo excessivo de remédios

Foto: Marcos Santos (USP Imagens)

É comum que profissionais da saúde recomendem, aos seus pacientes, altas doses de antibióticos (remédios utilizados para combater microorganismos vivos, como bactérias) no caso de infecções, por exemplo. No entanto, esses medicamentos podem demandar muito esforço do corpo para serem processados, além de contribuírem para aumentar a resistência desses seres às substâncias que produzimos para combatê-los.

Com o objetivo de evitar o consumo prejudicial desses remédios, Thais Lage, mestranda da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, trabalhou em uma tese baseada em testes com polímeros (plásticos) com antibióticos incorporados. O foco era verificar a possibilidade de se substituir o uso do medicamento por via oral ou intravenosa pela implantação desses materiais compostos por plástico e antibiótico em feridas após cirurgias odontológicas. Apresentada em 2017, a dissertação contou com a orientação de Carlos Alberto Adde, professor da Faculdade e professor associado da Clínica Integrada.

Um bom exemplo para entender melhor o intuito da pesquisa é o caso da extração dental. O buraco remanescente depois do procedimento precisa cicatrizar, e está sujeito a infecções. “Normalmente, em situações de retirada de dentes, prescrevemos antibióticos. No caso, a ideia é de colocar o medicamento diretamente no local, junto com um polímero”, explica o docente. O plástico é reabsorvido pelo corpo, o que evita que restos danosos ao paciente sejam incorporados à boca.

 

Estrutura química básica de um polímero. (Imagem: Reprodução / Wikipedia ES)

 

Os cientistas testaram quatro remédios diferentes in vitro (isto é, sem testes em pessoas), buscando descobrir se algum deles poderia ser tóxico às células dos ossos. Feitas em laboratório, as experiências apontaram que nenhuma das substâncias analisadas é prejudicial ao organismo.

“Constatamos que esses polímeros com antibióticos podem ser seguramente utilizados na reparação e na regeneração das células ósseas. Usando esses compostos, pode-se evitar a dose comum de remédios para combater infecções, que é alta, e prevenimos o aumento da resistência bacteriana”, comenta Adde.

O estudo abre as portas para que outras pesquisas sobre o assunto sejam desenvolvidas. De acordo com o professor, o próximo passo seria testar os plásticos in vivo, ou seja, em seres vivos. Dessa forma, será possível ter uma certificação de que os polímeros são uma alternativa segura e viável à prescrição de antibióticos no caso de cirurgias odontológicas.

 

 

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