Especialização do dentista não influencia na sobrevida do implante dentário

Apesar de ser muito importante para carreira do profissional, formação não afeta resultado do procedimento em longo prazo

O procedimento de implante dentário é frequentemente realizado por odontologistas em todo o mundo. (Imagem: Reprodução / CEIPE)

Uma tese produzida na Faculdade de Odontologia baseou-se em análises de artigos científicos para afirmar que o tempo de duração do implante dentário não é afetado pelo grau de especialização do dentista responsável. Além disso, o estudo, de autoria de Daniel Isaac Sendyk, sintetizou evidências científicas de que o resultado do procedimento em idosos é tão promissor quanto em jovens e de que a aplicação de estatinas (fármacos cujo uso reduz o colesterol) durante o processo traz frutos muito positivos.

“Meu trabalho foi diferente porque fez parte de um modelo alternativo de teses. Ela é um compilado de três obras que já tinham sido publicadas. O meu estudo foi um dos primeiros desse tipo na Faculdade, o que ilustra o pioneirismo da Odontologia”, explica Daniel, que completou a tese em 2017.

Cada um dos artigos era baseado em perguntas pontuais sobre fatores que podem afetar a união estável entre o osso e uma outra superfície de implantes dentais (osteointegração). As perguntas eram: “Em idosos, o implante tem uma taxa de sobrevivência menor?”, “A experiência cirúrgica faz diferença na sobrevida do implante?” e “O emprego de estatinas têm poder osteogênico que permite um desfecho melhor para o procedimento?”. Ao final da pesquisa, concluiu-se que as duas primeiras respostas são negativas, enquanto a terceira é positiva.

Para investigar as duas questões iniciais, foram realizados trabalhos clínicos, com dezenas de pessoas. Já na apuração relativa à aplicação do fármaco, os testes foram feitos em animais, já que o estudo com estatinas é recente e incipiente demais para ser colocado à prova em seres humanos.

Sobre a pesquisa com o composto, Sendyk afirma: “O trabalho e as conclusões que tiramos dele ajudam a comunidade científica, porque mostram o quanto podemos avançar e estimular estudos clínicos nesse sentido. A análise trouxe um indicativo de que precisamos investigar mais o tema e desenvolvê-lo no Brasil.”

Por outro lado, o cientista acredita que a apuração que levou à conclusão de que pacientes idosos apresentam resultados tão promissores quanto os de jovens depois de procedimentos de implantes dentários representa um achado importante para a sociedade. “Isso pode melhorar a qualidade de vida dos mais velhos. Além disso, o dentista também se sentirá mais seguro em realizar o procedimento”, comenta.

De acordo com o profissional, o terceiro artigo contribui para a comunidade odontológica e para que se repense a ideia de formação dos odontologistas. O trabalho levou em conta dois aspectos diferentes: a experiência cirúrgica com base no estudo, comparando cirurgiões e clínicos gerais; e o número de implantes realizados por cada odontologista (com mais de 50 processos realizados, o profissional seria considerado experiente). A diferença estatística encontrada se deu apenas no segundo caso. Em relação à formação, a pesquisa concluiu que não havia disparidade entre os especialistas e os clínicos gerais. “O estudo especializado é fundamental para um refinamento da técnica. Mas foi descoberto que ele não importa quando se trata da sobrevida do implante”, finaliza Daniel.

 

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*