Laser ajuda a tratar lesões decorrentes da osteonecrose

Tecnologia pode servir para prevenir e melhorar machucados originados pela morte celular nos maxilares

Área do maxilar é afetada pela osteonecrose em muitos pacientes que consomem o medicamento bisfosfonato. (Imagem: Vidal Saúde)

A possibilidade de ajudar pacientes com danos na mandíbula através da laserterapia é tema de um estudo promissor. Uma pesquisa conduzida na Faculdade de Odontologia da USP está analisando os efeitos do uso de laser em lesões provocadas pela morte celular (osteonecrose) dos maxilares. Útil tanto para a prevenção quanto para o tratamento dessas feridas, a tecnologia empregada minimiza a gravidade e a possibilidade de existência de ferimentos nessa região.

A ideia inicial do trabalho surgiu com a aluna de doutorado Mariana Aparecida Brozoski sob a orientação das professoras Maria da Graça Naclério-Homem e Márcia Marques. A doutoranda realizou experimentos in vitro com células e remédios que inibem a perda de densidade óssea, ou seja, antirreabsortivos (como o bisfosfonato), e focou em investigações acerca da osteonecrose. Assim, o projeto foi aos poucos sendo estendido para a clínica, dando origem à análise e ao teste do tratamento com laser.

O estudo foca nas lesões provocadas pelo uso do bisfosfonato, medicamento receitado para dois tipos de pacientes: aqueles com câncer de mama ou de próstata que apresentam metástase óssea e aqueles que têm osteoporose. Recentemente, foi descoberto que esse remédio tem o efeito colateral de favorecer a morte celular nos maxilares. Ao entrar na célula óssea e a impossibilitar de funcionar, o remédio suprime a renovação dos ossos, que param de se reconstruir. Assim, a densidade óssea permanece estável, o que é muito positivo para pessoas com problemas nos ossos.

Ao longo da pesquisa, as profissionais contaram com vinte e cinco pacientes nos mais variados estágios da doença. Os ferimentos decorrentes da osteonecrose podem surgir de forma espontânea ou depois de procedimentos ou traumas, como a extração de um dente. Em uma pessoa comum, um procedimento como esse seria simples: o buraco logo daria espaço para que os tecidos se reorganizassem, o osso se reconstruiria e o indivíduo estaria em perfeitas condições. Entretanto, nesses pacientes, o processo é falho, e o orifício dá lugar a uma lesão. E a falha nesse percurso é decorrente do uso do bisfosfonato.

No entanto, o motivo pelo qual a medicação causa a doença é desconhecido. Segundo Natalia Tartaroti, aluna de doutorado da Faculdade de Odontologia, algumas das teorias mais comuns são as de que o medicamento interfere na formação de novos vasos sanguíneos, facilita a infecção por bactérias ou influencia na comunicação entre o organismo e as células dos ossos. “Como não há consenso, não há unanimidade em relação ao melhor tratamento”, afirma Natalia.

O método escolhido pelas cientistas foi o laser, devido à extensão dos estudos já existentes sobre o impacto dessa tecnologia na saúde oral. “Como já conhecemos suas propriedades e efeitos na boca, nos propusemos a ajudar os indivíduos através do uso dessa tecnologia”, comenta a doutoranda.

O tratamento é simples. “O paciente toma um antibiótico, a amoxicilina, dois dias antes e oito dias depois da cirurgia, com o objetivo de proteger sua saúde, segundo recomenda a literatura. Nós realizamos o procedimento, colocamos um agente fotossensibilizante e aplicamos o laser vermelho. Essa combinação gera oxigênio, que mata as bactérias. Assim, atingimos uma cicatrização melhor para os pacientes, que depois suturamos”, explica Natalia. Dessa forma, o tecido pode ser regenerado de forma saudável, permitindo que as lesões provenientes da osteonecrose sarem da maneira apropriada.

Além da remediação dos ferimentos, o uso do laser também se provou uma maneira eficaz de diminuir a incidência de machucados nas bocas de pacientes consumidores de bisfosfonato que apresentam a doença mencionada.

De acordo com a doutoranda, o mais importante é que os profissionais da saúde que recomendam esse remédio saibam dos problemas que ele pode causar. “Quando receitam esses medicamentos, os médicos acham que esse é um efeito colateral raro, mas nós estamos vendo que ele não é tão raro assim”, diz.

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