Facebook pode melhorar relações sociais na velhice

Estudo mostra que uso da rede social pode reduzir o isolamento e facilitar a manutenção de vínculos sociais dos idosos

Imagem: Reprodução

Há muito tempo, as redes sociais deixaram de ser um espaço dominado predominantemente por adolescentes e jovens. Nos últimos anos, o número de usuários com mais de 60 anos em sites como o Facebook tem aumentado significativamente em relação às demais faixas etárias. Observando esse fenômeno, a pesquisadora Tassia Monique Chiarelli, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), decidiu estudar o comportamento desse grupo na rede em sua dissertação de mestrado Relações sociais na velhice via Facebook: um exame de extensão da Teoria de Seletividade Socioemocional.

Como já diz o título, a pesquisadora tomou como base para seus estudos a Teoria de Seletividade Socioemocional (TSSE), desenvolvida pela cientista americana Laura L. Carstensen na década de 1990, que busca compreender e explicar o declínio nas interações sociais e as mudanças no comportamento emocional dos indivíduos na velhice.

A partir dos resultados da pesquisa, Tassia conseguiu estabelecer quatro perfis de usuários da terceira idade na rede social. O primeiro ela chama de Explorador, que seria a pessoa que busca novas aprendizagens no serviço e a utilização dos próprios recursos do Facebook. O segundo é o Solitário, caracterizado por ter poucos contatos sociais e pouca motivação em sentir-se incluído no ambiente virtual. O terceiro, chamado Familiar, geralmente se encontra viúvo e usa a rede para manter o contato com seus familiares. Por fim, há o Sociável, que busca ampliar suas relações, informar-se e obter lazer.

“Essa variedade de perfis foi de encontro com a diversidade apresentada na velhice, que é a fase mais heterogênea da vida”, aponta a pesquisadora. Foi observado que o Facebook atua como um recurso de manutenção, otimização ou até mesmo compensação das limitações e dificuldades impostas às relações e objetivos sociais na velhice. “Ele minimiza limitações físicas dos idosos ou, até mesmo, distâncias geográficas”, conta. “Por exemplo, um idoso com dificuldade de locomoção tem essa limitação minimizada ao acessar o Facebook, porque ele não precisa se deslocar para visitar o seu neto. Então, a rede acaba reduzindo o isolamento social que poderia ser ocasionado pela dificuldade de locomoção dele e, por outro lado, facilita a manutenção de vínculos sociais”, explica.

Para a produção do estudo foram utilizados dados de 153 idosos que possuem uma conta ativa na rede social. Eles foram recrutados em serviços públicos de acesso a internet na cidade de São Paulo, como telecentros e o Centro de Referência do Idoso da Zona Norte de São Paulo (CRI Norte). Com as informações obtidas, Tassia produziu três artigos que, posteriormente, deram corpo à sua dissertação.

“Me dedicar a esse assunto foi um estímulo para que novas pesquisas sejam estimuladas considerando o uso de novas tecnologias por idosos”, comenta Tassia ressaltando a existência de poucos estudos sobre a participação dos idosos nos espaços virtuais. “As pessoas são seres sociáveis e fazem uso das suas conexões para melhorar a sua condição de vida.”

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