Novo protocolo aumenta fatores de crescimento do plasma rico em plaquetas de cavalos

Pesquisadora da Veterinária da USP descobriu que o aumento de plaquetas apresenta uma relação positiva com o aumento do fator de crescimento TGF-β

Novo protocolo aumenta fatores de crescimento do plasma rico em plaquetas de cavalos. Foto: Reprodução/Horse Brasil

A terapia pelo plasma rico em plaquetas está sendo cada vez mais utilizada, não só pela medicina humana, como pela medicina equina. Sua principal vantagem é simples: ela pode ser desenvolvida usando o sangue do próprio paciente. Após a coleta, o sangue passa por processos, como centrifugação ou filtragem, para sobrar somente o plasma, em que, então, serão concentradas as plaquetas.

“As plaquetas são conhecidas por trabalharem mais na parte de coagulação sanguínea e formação de troncos, mas, dentro delas, tem organelas chamadas alfa grânulos que liberam proteínas fatores de crescimento que apresentam propriedades terapêuticas”, explica Sarah Raphaela Torquato Seidel, que escolheu o assunto para sua dissertação de mestrado. Na medicina equina, foco da pesquisa de Sarah, o PRP (plasma rico em plaquetas) é utilizado muito na parte locomotora, onde os animais mais desenvolvem lesões. “Um dos grandes problemas na questão locomotora do cavalo são as artrites.”

O PRP já é utilizado em vários tratamentos. “Para tendinite ele já tem um resultado bem satisfatório. A utilização em desmite, a inflamação do ligamento, também tem um resultado muito bom”, explica a mestranda. “Na articulação o resultado é mais variável. Não é ruim, porque diminui a dor e melhora o retorno à função, mas regenerar e voltar a ser como era, ainda é um desafio.”

A dúvida principal da pesquisa surgiu da necessidade de um produto de maior qualidade para tratar essas lesões. “Se a parte que mais nos interessa no PRP é, justamente, os fatores de crescimento, será que aumentando a concentração dessas plaquetas a gente consegue aumentá-los?”, comenta Sarah sobre seu questionamento na época da pesquisa.

Para testar esse protocolo, inicialmente, a pesquisadora buscou um modo de aumentar a concentração de plaquetas através da centrifugação. “Centrifugamos o sangue duas vezes em um período de duas horas e alcançamos uma quantidade oito vezes maior que a inicial”, explica. “E, dentro do que fizemos, percebemos que há, sim, uma correlação positiva. Quando aumentamos nossa quantidade plaquetária, o fator de crescimento que escolhemos estudar, TGF-β, também aumentou.”

O resultado foi seguido de mais uma dúvida: as plaquetas já tinham sido ativadas durante as centrifugações, liberando os fatores de crescimento? Então, após cada centrifugação, foi avaliado quanto das plaquetas tinham sido ativadas. A primeira ativou cerca de 10%, enquanto a segunda ativou entre 30% e 60% das plaquetas. Felizmente, isso não atrapalhou a eficiência do protocolo. “Quando nós dosamos os fatores de crescimento, não teve prejuízo. Os fatores de crescimento liberados continuaram presentes no plasma, podendo ser utilizados.”

Outro ponto positivo do plasma rico em plaquetas é que ele pode ser utilizado de formas diferentes dependendo do tratamento e da instituição. É como se cada um pudesse ter sua própria “receita.” “Qualquer laboratório que estude isso pode desenvolver uma teoria de quantas centrifugações, melhor velocidade, entre outros fatores, porque isso vai da experiência de cada um”, comenta Sarah. Ela só tem uma recomendação: que ele seja testado antes. “A caracterização dele que faz a diferença para ter um tratamento mais assertivo”, explica. “Após o teste que você descobre se esse produto vai ser indicado para uma terapia tendínea ou uma terapia articular, ou, até mesmo, uma questão de cicatrização de ferida.”

Apesar da pesquisa ter sido focada em equinos, ela pode se estender para seres humanos também. “O cavalo é uma espécie que nós chamamos de translacional. Isso quer dizer que o estudo no cavalo pode ser extrapolado e exemplificado para um estudo no humano e isso ocorre frequentemente.”

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