Nova técnica de diagnóstico desenvolvida na USP causa menos traumas a cavalos

A laparoscopia precisa de mais equipamento especializado, mas incentiva os veterinários na hora do diagnóstico por apresentar menor risco aos pacientes

Foto: Gabriela Oliveira

De forma geral, o tratamento de lesões e doenças de animais de grande porte apresenta mais dificuldades em relação aos animais menores. Por isso, os pesquisadores estão sempre buscando formas de facilitar todos os processos dessa área da veterinária. O desenvolvimento de uma nova técnica de diagnóstico de cavalos por laparoscopia veio dessa necessidade.

“Às vezes, você tem algumas afecções que se desenvolvem no cólon que não são acessíveis por endoscopia não invasiva e também de intestino delgado que você não consegue abordar por uma endoscopia não convencional”, explica o professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Luis Claudio Lopes Correia da Silva, responsável pela pesquisa.

Antes, a solução aos casos citados pelo professor era uma cirurgia complexa, que abria a cavidade do animal para exteriorizar o intestino e, só então, recolher a amostra necessária para o diagnóstico. A técnica não só traumatizava o cavalo, por ser mais agressiva, como também desanimava os veterinários por sua dificuldade e demora. Por outro lado, o uso da laparoscopia se mostrou simples e bem menos invasivo. “Pegamos uma agulha de grande calibri e, por dentro dela, passamos uma pinça bem pequena, que colhe fragmentos da mucosa do intestino diretamente”, explica o professor.

Em relação a todos os custos, as técnicas acabam sendo quase equivalentes. Se por um lado, a cirurgia tradicional usa equipamento e material mais baratos, por outro, o tempo e o trauma economizados pela laparoscopia, diminuem o preço da mão de obra nessa técnica. “Não dá pra dizer se o custo é maior ou menor, mas só de levar menos risco para o paciente, já acaba estimulando que o novo procedimento seja realizado”, conta Luis Claudio.

O equipamento da laparoscopia ainda pode ser usado para o tratamento de outras complicações do animal. Na própria FMVZ, ele já é utilizado para evitar o aprisionamento do cólon entre o rim e o baço, problema muito frequente nos cavalos. “Para isso, a gente recobre o espaço entre o baço e o rim com uma membrana de pericárdio e a grampeia nessa região, evitando que o cólon entre lá novamente e cause uma obstrução do intestino. Tudo isso é assistido por laparoscopia”, completa o professor.

A aquisição do instrumental para a técnica torna a Faculdade de Veterinária da USP uma das poucas no Brasil a disponibilizarem seu uso diariamente. “Alguns hospitais privados, ou de universidade, já tem começado a investir nesse tipo de equipamento, mas ainda não é realidade do dia a dia na veterinária”, conta Luis Claudio.

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