Teste de equilíbrio ajuda a prevenir quedas de pacientes com enfisema

Idosos: população mais afetada pela DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica). Foto: Marcos Santos (USP Imagens)

A DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), ou enfisema, como é mais conhecida popularmente, é a quarta maior causa de mortes no mundo. Ela é causada, principalmente, pela inalação de fumaça de cigarro e poluição do ar e consiste na obstrução dos brônquios pulmonares, dificultando a respiração e, por consequência, causando cansaço e diminuição do potencial físico dos pacientes. Os sintomas principais da DPOC são muito estudados, mas pesquisa recente da fisioterapeuta Ana Carolina Caporali se voltou para a relação entre a DPOC e o equilíbrio corporal, esclarecendo uma área antes pouco explorada: o impacto da alteração no equilíbrio causada pela DPOC no risco de quedas dos pacientes.

A pesquisa consistiu em uma coleta de dados de 70 pacientes, submetidos a um teste que avalia o equilíbrio, o Mini-BESTest, o qual envolve a realização de atividades simples do cotidiano. Finalizada a coleta em dezembro de 2015, iniciou-se a análise dos dados coletados e acompanhamento dos pacientes durante um ano, até dezembro de 2016. Os objetivos centrais da pesquisa são analisar quais são os fatores que influenciam na alteração do equilíbrio em pacientes com DPOC e avaliar como essa alteração tem impacto na incidência de quedas, que por sua vez representam um grande risco de acidentes, ainda mais graves, no caso dos idosos, que são grande parte da população afetada pela DPOC.

Os principais fatores associados à alteração do equilíbrio postural apontadas pela pesquisadora são a fraqueza muscular, tanto causada por um maior tempo em sedentarismo, quanto por efeitos sistêmicos da doença em si, a idade do paciente e o medo de quedas. Durante o estudo, Ana Caporali também aponta que a maior parte dos casos de queda registrados ocorreram dentro de casa, enquanto, em pé, os pacientes realizavam atividades com os braços, “por exemplo, o indivíduo que está estendendo uma roupa no varal ou fazendo alguma coisa no banheiro, trocando de roupa…”

Os estudos identificaram que, dos pacientes que passaram pelo acompanhamento de um ano, 37,7% apresentaram um evento de queda e, destes, 64% tiveram duas ou mais quedas. Durante esse estudo, foi possível perceber a existência de uma escala de pontuação no Mini-BESTest, que pode ser relacionada à quantidade de quedas: pacientes com pior performance apresentaram mais quedas. Isso significa que, por meio da aplicação desse teste de equilíbrio, é possível identificar quais pacientes com DPOC têm maior risco de quedas por meio de uma pontuação de corte, podendo-se aplicar medidas de prevenção.

Segundo Ana Caporali, é possível intervir em todos os principais fatores associados ao desequilíbrio postural, com exceção da idade, como a fraqueza muscular, introduzindo exercícios físicos e a reabilitação à rotina dos pacientes, e o medo de queda, através de atividades educativas de orientação. “Pacientes que tiveram pontuações abaixo da de corte podem ser triados, e aí, dessa forma, podemos implantar uma intervenção que seja mais eficaz na prevenção de quedas”.

Essas modificações possíveis, além de diminuírem significativamente a incidência de eventos de queda nos pacientes com DPOC, promovem maior autonomia e independência no dia a dia dessas pessoas, por tirá-las de uma rotina de sedentarismo e auxiliá-las com o medo de quedas, que muitas vezes impede que as pessoas realizem certas atividades ou que até mesmo saiam de casa. Além disso, as medidas também são capazes de minimizar bastante a utilização de recursos de saúde nesses casos, tendo-se que menos quedas ocorrerão e, portanto, menos acidentes que requerem atenção médica.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*