Estudo da USP busca benefícios cardíacos no tratamento da claudicação intermitente

A doença comum em idosos ainda traz muitas dúvidas para pesquisadores da saúde

O principal sintoma da claudicação intermitente é a dor nas pernas (Créditos: Tópico de Saúde)

Doença que afeta majoritariamente a população idosa, a claudicação intermitente têm como sintoma característico  a dor nas pernas que se inicia após um certo espaço percorrido a pé. A pesquisadora da Escola de Educação Física e Esporte da USP, Cláudia Forjaz, estuda como o tratamento convencional com exercício de caminhada pode auxiliar os pacientes não somente nesse quadro, mas também na redução de riscos cardiovasculares. A professora afirma que 75% dos óbitos desses enfermos acontecem por problemas no coração, o que justifica essa linha de estudo.

O exercício físico aeróbico tem benefícios à saúde que são bem conhecidos pela população: diminuir as chances de um infarto ou de um acidente vascular cerebral estão entre eles. A relação entre o tratamento convencional da claudicação intermitente e a saúde cardiovascular, no entanto, é estudada há pouco tempo, mas já trouxe algumas conclusões à tona: “Nos fatores de risco mais brutos como glicemia e colesterol não conseguimos ter grandes efeitos do treinamento neles, porque você precisa de intensidades mais altas de treinamento, e esses pacientes não conseguem fazer isso”, afirma a professora. “O que temos visto efetivamente é uma melhora grande de pressão arterial e na regulação do sistema cardiovascular, que passa a controlá-la melhor.”

A população estudada por Cláudia para esta pesquisa é composta inteiramente de homens acima de 50 anos e que não apresentam dor em repouso, somente ao iniciar o exercício, além de não apresentarem doenças cardíacas que podem se agravar com o estudo. Eles foram separados em dois grupos, um que iria realizar as caminhadas e outro que faria somente alongamentos: “No final, oferecemos ao grupo de alongamento o treinamento de caminhada, pois sabemos que ela traria benefícios a eles. Além disso, todos receberam orientação de que devem caminhar pelo menos 30 minutos todos os dias porque é o tratamento padrão para a doença”.

Mulheres não são incluídas no estudo por conta da maior severidade que a doença apresenta nelas, mas os motivos para essa diferença ainda não foram descobertos pelos pesquisadores da saúde: “As mulheres normalmente apresentam menor capacidade de caminhada do que os homens quando estão pareadas nas mesmas condições. O sexo feminino tem menos hemoglobina, portanto carrega menos oxigênio. Sabe-se que tem diferenças, mas os seus motivos foram pouco estudados.”

Causada pela obstrução de artérias periféricas nas pernas, a claudicação intermitente costuma ser confundida com incômodos musculares. A principal diferença, segundo Cláudia, está na maneira que a dor se apresenta: “A dor muscular, quando surge na caminhada, na próxima vez que se caminhar, ela irá aparecer antes. Nessa doença não, a distância para começar a sentir dor é mais ou menos fixa”.

Esse engano pode ser responsável por atrasar o diagnóstico, que é realizado de maneira relativamente simples: “A técnica clínica é medir simultaneamente a pressão sistólica da perna e do braço, em um indivíduo saudável a pressão na perna é maior do que no braço, se ela está menor, é um indicativo de que há algum tipo de obstrução”. Após essa etapa, exames de imagem auxiliam a especificar onde estão as artérias prejudicadas.

Os idosos, principais vítimas dessa enfermidade, precisam estar alertas aos sintomas específicos, segundo Cláudia: “ Os pacientes da claudicação intermitente quando caminham por dois minutos e param por 15 segundos já não sentem mais a dor. Se você sente a dor e ela passa ao parar, voltar a senti-la na mesma distância de caminhada é um alto indicativo de que a pessoa tem a doença e precisa fazer uma análise com um médico”. Fumantes também estariam na zona de risco, pelas observações da professora: “Quase 100% dos nossos pacientes fuma ou é ex-fumante.”

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