Fototerapia é opção viável para cicatrização de queimaduras, aponta pesquisa da FMVZ-USP

Estudo realizado com bezerros demonstra que os resultados da fotobioestimulação se equiparam aos de pomadas cicatrizantes

Imagem: Bruna Stanigher Barbosa

Um projeto pioneiro da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ-USP) fez uma análise comparativa dos efeitos da fototerapia e de uma pomada comercial de óxido de zinco na cicatrização de queimaduras. Usando bezerros que passaram pela descorna (corte e cauterização dos chifres) como objeto de estudo, Bruna Stanigher Barbosa descobriu, na elaboração de seu mestrado, que a fotobioestimulação tem resultados estatisticamente equivalentes ao dos unguentos cicatrizantes.

Os animais foram divididos em diferentes grupos e foram aplicados cinco tratamentos distintos: um controle, que recebeu a pomada cicatrizante, e quatro tipos de estimulação luminosa. O estudo inova ao estabelecer dosagens de irradiação para a situação dos bovinos descornados: “Um ponto crítico foi a adequação da metodologia para utilização da fototerapia em situações cotidianas, simulando a realidade que ocorre no dia a dia de uma fazenda; e que até então era utilizada em animais de laboratório, com condições controladas”, explica Stanigher. Foi feito, então, um acompanhamento da recuperação dos bezerros que avaliou tanto a observação de seus comportamentos, quanto a evolução da área da lesão e a análise microscópica da quantidade de células inflamatórias e da deposição de colágeno.

Todos os tipos de tratamento apresentaram resultados semelhantes quanto à diminuição da lesão. Percebeu-se, no entanto, que a fototerapia pode garantir maior grau de bem-estar ao animais do que as pomadas: “Os animais do grupo tratados com Laser Infravermelho demonstraram menor incômodo nas duas primeiras horas após o procedimento de descorna, como o esfregar da lesão no cocho de água, na parede da baia ou com os membros, menos balançar de orelhas ou cabeça, demonstrando, assim, menor dor”, conta a pesquisadora.

De acordo com ela, embora o custo inicial dos equipamentos seja mais caro, o tratamento por fototerapia é, sim, uma opção economicamente viável até mesmo para pequenos produtores de bovinos: “O investimento num aparelho destes será apenas no início, sendo bem durável quando comparado com a pomada, uma vez que esta terá de ser reposta toda vez que acabar o produto; além de ter as vantagens do efeito analgésico e de não deixar resíduos no ambiente e nos produtos animais”.

A fototerapia ainda é uma técnica relativamente recente, especialmente em suas aplicações na medicina veterinária. As conclusões da pesquisa foram surpreendentes, uma vez que as pomadas possuem agentes pró-cicatrizantes, enquanto a fototerapia age somente na estimulação celular, não possuindo efeito diretamente curativo. Ela funciona através da absorção da luz no tecido lesionado por receptores na membrana celular e nas mitocôndrias, capacitando melhor produção de ATP (energia) e acelerando o processo de reparação dos tecidos. “É algo promissor e novos protocolos devem ser testados para definir melhor um tratamento com esta terapia. Em análises futuras, serão avaliados, além do comportamento, os hormônios destes animais, assim elucidando lacunas ainda presentes até o momento referentes aos efeitos anti-inflamatórios e analgésico da fototerapia”, relata Stanigher.

 

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