Ferramentas desenvolvidas pela USP podem auxiliar na administração da produção pecuária

Os recursos são voltados a criações de bovinos em confinamento nos estados de São Paulo e Goiás

Imagem: Reprodução

Não é fácil manter controle sobre os custos de uma produção pecuária. Muitas vezes, o dia-a-dia da produção, com seus muitos contratempos, força o produtor a deixar de lado o gerenciamento de resultados do seu negócio. Com isso em mente, Gustavo Lineu Sartorello, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP (FMVZ-USP), desenvolveu duas ferramentas disponíveis gratuitamente que podem auxiliar nesse trabalho: um modelo de cálculo e um indicador de custos de produção.

Voltadas para produções de bovinos em confinamento dos estados de São Paulo e Goiás, essas ferramentas foram pensadas pela simplicidade de seu uso. O modelo de cálculo de custos nada mais é do que uma planilha em software Excel, do pacote Office. Nela, o confinador insere os seus dados e consegue calcular o custo total de sua produção. Feito isso, ele tem ainda a referência de um indicador de custos atualizado mensalmente como base para comparação, podendo identificar se sua produção tem gastos abaixo ou acima da média.

Isso não apenas tem valor organizacional, como também pode ter aplicação nas negociações dos confinadores com os frigoríficos. “Sem o indicador, a indústria fica jogando o preço para baixo e o produtor tenta jogar para cima, é uma briga normal. Os indicadores servem justamente para balizar”, pensa Sartorello.  Sabendo a dimensão de seus gastos, o produtor pode defender um preço para as cabeças de gado que lhe dê lucro, conseguindo ainda usar o indicador de custos reconhecido pela USP como argumento em sua negociação.

Sartorello relata que uma das motivações por trás de seu trabalho foi a de estabelecer uma base metodológica padrão para o cálculo de custos em confinamento — tipo de produção relativamente recente no Brasil, e que ainda não contava com um modelo de cálculo desenvolvido com o respaldo de uma instituição consagrada como a USP. No entanto, mesmo com a padronização do método, que permite a comparação de gastos entre os produtores, o pesquisador considera importante desenvolver também o indicador de custos: “Os custos de produção são uma informação confidencial, que os produtores muitas vezes não dividem entre si. Então, você pode calcular o seu custo e não ter com quem comparar.”

O cálculo de Sartorello tem também uma fundamentação teórica baseada na Teoria Econômica, que dita que todos os gastos envolvidos (mesmo que indiretamente) com a produção devem ser levados em consideração para se gerar o custo total: “Todos os custos que identifiquei no confinamento foram incluídos, por exemplo: os maquinários, a construção de barracão, a mão de obra, itens básicos. Considerei também o arame da cerca, o parafuso, coisas pequenas.” Essas informações foram extraídas de um estudo de caso com uma unidade de confinamento no estado de São Paulo. Uma vez montada a planilha em Excel, os seus resultados puderam, então, ser comparados com os do controle do confinador, realizando sua validação. Já o indicador de custos foi gerado a partir de um levantamento de dados estratégicos de 19 produções diferentes, dez no estado de São Paulo e outras nove em Goiás (por isso a sua aplicação restrita).

Qualquer um pode ter acesso gratuito a ambos os recursos entrando em contato com Sartorello ou seu orientador, Augusto Hauber Gameiro. Os interessados são adicionados a um mailing, através do qual poderão receber as atualizações mensais do indicador de custos.

Contatos:

Gustavo Lineu Sartorello – gsartorello@gmail.com

Augusto Hauber Gameiro – gameiro@usp.br

 

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