Por José Paulo Mendes – jpmendesg13@gmail.com
Com o avanço da tecnologia e a cada vez maior falta de tempo, muita gente não tem mais conseguido fazer exercícios regularmente e muito menos comparecer a academias. No entanto, mesmo que timidamente, a manutenção das atividades físicas é importante para que o condicionamento da pessoa siga pelo menos regular e ela possa escapar de doenças relacionadas ao sedentarismo.
Uma boa forma de se combater este sedentarismo é através de atividades físicas realizadas dentro da própria casa das pessoas. O tema é abordado em uma pesquisa realizada pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP (EACH), Faculdade Campo Limpo Paulista e a Academia Central Kungfu-Wushu, que trabalha na construção de uma linguagem de programação e um aplicativo para o Microsoft Kinect (ou simplesmente Kinect) ― aparelho para jogar videogames com os movimentos do corpo ―, os quais facilitam a experiência de se exercitar em casa.
Segundo Norton Roman, professor da EACH e um dos articuladores da pesquisa, as atividades físicas que seriam feitas em casa precisam de uma orientação, a qual poderia ser feita com auxílio do Kinect. Ele conta que professores da academia teriam seus movimentos “escaneados” para serem levados ao aparelho com o qual seriam monitorados os gestos das pessoas.
“Surgiu uma dificuldade neste momento porque precisávamos traduzir o movimento dos professores para uma linguagem que a máquina pudesse entender e monitorar as atividades feitas em casa”, conta Roman. “No entanto, entre as linguagens que encontramos nenhuma conseguia fazer o trabalho da forma que gostaríamos”.
Com esse problema, a equipe começou a trabalhar na criação de uma nova linguagem de programação que pudesse atender as demandas da pesquisa. Segundo relatório da pesquisa, a forma de monitoramento existente no mercado (Dartfish) não serviriam para o que foi proposto, pois apenas monitoram a mudança que ocorre entre dois pontos em linha reta os pontos iniciais precisam ser definidos manualmente, em cada imagem, enquanto que no presente projeto pretende-se utilizar uma abordagem automática; e com o decorrer do tempo, os pontos definidos acabam se afastando de seus locais originais, fazendo com que o sistema não seja mais capaz de segui-los perfeitamente.
Roman conta que a linguagem desenvolvida é uma das partes mais interessantes do trabalho, pois além de conseguir criar um novo mecanismo de monitoramento e rastreamento do esqueleto na atividade física, é uma rede aberta. Assim, qualquer pessoa que queira contribuir para sua melhora pode fazê-lo, tal qual quem queira utilizá-lo para desenvolver outra pesquisas acadêmicas pode sem nenhum custo.
Com a linguagem pronta, é possível estabelecer, junto ao Kinect, o rastreamento até de esqueletos (ou pessoas) realizando uma atividade física dentro do ambiente. Deste modo, pode-se ampliar a atividade física feita dentro de casa por indivíduos sem disponibilidade de tempo para realizar exercícios na academia ou qualquer outro lugar senão suas próprias casas.
As vantagens desses sistemas são múltiplas. Em primeiro lugar, a linguagem aberta pode ser utilizada em novos campos de pesquisa e de maneira gratuita, o que pode ampliar o alcance de outros estudos que estão sendo realizados hoje que precisam de uma descrição dos movimentos em uma linguagem que computadores entendem. Além disso, podem ter um papel muito importante na redução do sedentarismo e ampliar as formas de se exercitar em casa, o que pode gerar, a longo prazo, por exemplo, um correspondente ao Netflix para exercícios em casa.
O melhor disso, seria que as pessoas poderiam fazer isso sem um custo, dada a gratuidade dos programas, mesmo ainda existindo a necessidade de um Xbox e um Kinect. Por último, ampliar as formas como as academias podem dar treinos a alunos que não podem comparecer através de aulas por meio do aplicativo, que seriam feitas a partir de posições estabelecidas pelo mestre.
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