Ambiente interfere no aparecimento de infecções bacterianas em crianças

Situações cotidianas podem interferir diretamente na saúde do ser humano

Crianças brasileiras sofrem contaminação com frequência mas não necessariamente contraem algum tipo de doença. Fonte: Marcos Santos/USP Imagens

Por Carina Brito – carina.brito@usp.br

Pesquisa realizada na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP mostrou que o ambiente tem uma grande relação com os casos de infecção bacteriana. A professora Carla Taddei é responsável pela pesquisa Análise da Composição da Microbiota Intestinal Humana. Microbiota é o conjunto de bactérias que está presente no intestino humano. O estudo tem como objetivo entender como ocorre a colonização de bactérias no intestino de uma criança e quais são as situações diárias que levam ao surgimento de bactérias em seu organismo desde o nascimento até a vida adulta. 

Notou-se que crianças brasileiras sofrem contaminação com frequência mas que não necessariamente isso as leva a contrair doenças e que o ambiente pode ter relação com o desenvolvimento de enfermidades. “Em um trabalho com bebês recém-nascidos com problemas intestinais, nós notamos que eles são principalmente colonizados por bactérias patogênicas que estão no ambiente, o que mostra o papel do local nessa colonização”, diz a professora.

O tratamento se dá basicamente por antibióticos. Para ter mais chance de cura, é preciso que essas doenças sejam detectadas com antecedência para que a infecção seja controlada. Também existem os casos em que a criança já está contaminada com algum tipo de vírus e depois é infectada por uma bactéria e então é criada uma infecção bacteriana secundária, que também é tratada por antibiótico. Na diarréia, o tratamento é realizado através de hidratação e mudança na alimentação porque a doença é autolimitante, ou seja, os sintomas desaparecem com o tempo.

A pesquisa também mostrou que as crianças amamentadas exclusivamente com o leite materno são mais protegidas imunologicamente por causa dos anticorpos contidos no leite. “Se a criança é amamentada por 6 meses apenas com o leite materno ela vai ser mais saudável e ter uma microbiota mais equilibrada para o resto da vida”, diz Carla.

Segundo a professora, o estudo da microbiota intestinal está relacionado ao bem estar na vida adulta. “A microbiota tem um papel importante na regulação imunológica do indivíduo, então quanto mais equilibrada essa regulação mais saudável ele vai ser”. Na criança, foi visto que um desequilíbrio pode levar a doenças alérgicas e respiratórias como asma e bronquite. Entender como essa microbiota é composta na primeira infância ajuda estudos futuros a corrigi-la. “Se a criança apresenta uma deficiência nesse conjunto de bactérias você pode dar um leite com probiótico para tentar corrigir esse desequilíbrio para que ela não tenha uma doença no futuro”.

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