Estudo da FMUSP sobre asma e obesidade é publicado em revista científica de ponta

Trabalho analisa como o exercício físico pode ajudar na saúde e na qualidade de vida de pacientes asmáticos obesos

Imagem: Reprodução ABC Extreme Weight Loss

Por Fernanda Giacomassi – fegiacomassi@gmail.com

O Grupo de Pesquisas em Reabilitação Pulmonar do Departamento de Fisioterapia da Faculdade de Medicina da USP (FM), sob coordenação do professor Celso Ricardo Fernandes de Carvalho, demonstra a algum tempo, através de seus estudos, as vantagens do treinamento físico para pacientes asmáticos. Observando, porém, uma carência nas pesquisas sobre exercício físico para pacientes que apresentam o fenótipo asma-obesidade, o grupo resolveu explorar esta outra vertente. Disso, surgiu a tese da pesquisadora Patricia Duarte Freitas, que desenvolveu um programa de treinamento físico e controle de peso a fim de trazer melhorias tanto para a saúde quanto para a qualidade de vida destes pacientes.

Concluído em abril deste ano, o estudo, que possui parceria com a Disciplina de Pneumologia, Endocrinologia, Psicologia e Imunodeficiência do Hospital das Clínicas da FMUSP e conta com financiamento da FAPESP e CNPq, será agora publicado por uma das melhores revistas científicas do mundo na área, a American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine. Publicado desde 1917, o periódico busca a compreensão da fisiopatologia e novas formas de tratamento para doenças que afetam o sistema respiratório.

Sobre a pesquisa

De acordo com as diretrizes da organização Global Initiative for Asthma (GINA), o controle clínico da asma em pacientes obesos é mais difícil de ser alcançado pois o excesso de tecido adiposo dificulta a adequada expansão dos pulmões e aumenta a inflamação, além de estar relacionada com distúrbios do sono e refluxos. Para Freitas, a falta de pesquisas que avaliem o treinamento físico na melhoria destas condições se dá pela complexidade da área, que exige maior cuidado no desenho metodológico do estudo e na própria execução do treinamento físico aos indivíduos obesos.

Para o desenvolvimento da pesquisa foram estudados 55 pacientes que estavam sob tratamento medicamentoso otimizado. Os mesmos foram divididos aleatoriamente em dois grupos: enquanto ambos recebiam acompanhamento nutricional e psicológico, apenas um deles foi submetido ao programa de treinamento físico. Este, por sua vez, incluiu exercícios aeróbios e de resistência muscular, totalizando 24 sessões de 60 minutos cada, durante 3 meses.

Foram avaliadas variáveis importantes relacionadas ao controle da asma, exacerbações, volumes pulmonares e inflamação pulmonar e sistêmica. Além disso, a qualidade de vida e a depressão foram verificadas através de questionários validados pela literatura, respectivamente o Asthma Quality of life Questionnaire (AQLQ) e o Hospital Anxiety and Depression Scale (Hads). 

Os resultados deste ensaio clínico pioneiro demonstraram que o exercício físico para asmáticos obesos é eficiente, resultando em uma maior perda de peso, um aumento da capacidade física e uma melhoria significativa no controle da asma decorrente da otimização da função pulmonar e da diminuição da inflamação nas vias aéreas. Além disso, também notou-se uma melhora na qualidade do sono, qualidade de vida e nos sintomas de depressão.

Importância do estudo

Para Freitas, os resultados da pesquisa podem contribuir para que tanto profissionais da saúde quanto pacientes ampliem seu conhecimento sobre a efetividade do tratamento através de exercícios físicos. Além disso, a mesma ressalta a importância de escolher essa estratégia como recurso de primeira linha para pacientes obesos asmáticos, por ser mais saudável e menos custosa que intervenções cirúrgicas.

O próximo passo da pesquisadora, que acaba de receber bolsa de pós-doutorado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), será estudar diferentes estratégias de intervenção comportamental no aumento do nível de atividade física em pacientes asmáticos, as quais trarão maiores benefícios no sistema de saúde pública por incluírem um maior número de pessoas e uma redução nos custos.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*